quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Doença Moral

Essa poesia foi escrita com muito pesar, mas ao mesmo tempo com muita consciência, visto o momento que passamos na Serra... Reflitam bastante!!!

Doença moral

Em certas horas não existe explicação
As coisas acontecem inesperadamente
Acabam por fugir de nossa razão
E o que resta, é a piedade comovente

A força da nossa mãe natureza
Por vezes é testada pela nossa teimosia
E no final só nos resta a triste certeza
De saber que ela responde com tirania

Olhos marejados clamam por piedade
Vidas destruídas num único segundo
Pessoas que perdem a própria identidade
Nessas tragédias que abalam o mundo

Mais do que mortes, perdas morais
Desgaste da alma de quem se importa
Momentos que não voltarão jamais
Para a mãe que tem nos braços a criança morta

Não adianta a procura de culpados
Quando o mundo inteiro está doente
Muitos dizem que estão preocupados
Mas tamanha dor é inerente

Há quem precise sofrer para dar valor
A tudo aquilo que lhe foi confiado
Seria bem mais fácil sem tanta dor
Se o homem buscasse ser perdoado

Sofremos de uma doença moral
Somos parte de uma grande provação
E embora o mundo seja tão desigual
Hoje pulsamos num mesmo coração.

Um comentário:

  1. A catástrofe na serra foi mesmo muito comovente, muito triste. Qualquer catástrofe é triste, fato. Mas no caso para nós acabou sendo mais chocante ainda por ter sido tão perto. Ótimo o seu poema. Parabéns, Filipe. Talento nato. Um beijo, Elis.

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