terça-feira, 10 de junho de 2014

Aprendi com Leminski


Aprendi com Leminksi
Que menos é mais:
Menos palavras,
Mais interpretação.
Meu ponto final,
A sua imaginação.

*
Versos, ao contrário
Do que dizem,
Ao avesso dos que falam,
Só querem dizer
Que dizem e não falam.

*
Num espaço
reduzido,
Numa panela
de pressão,
As palavras
e os homens
Descobrem a
inspiração.

*
Eu gênio,
Eu, gênio,
Eugênio
Eu, gênio.
Eugenia,
Quem diria:
Eu, louco!

A poesia pulsa!

Diz o verso
Coisas que não se podem escutar
Diz a poesia
Verdades que o coração silencia

Revela o poeta
Detalhes que passam despercebidos
Acaricia a rima
Os ouvidos dormentes de tédio

Saboreia o leitor
Palavras vindas do mundo da inspiração
Absorve o mundo
Tudo aquilo que ele mundo não entende

Sepulta o papel
Aquilo que deve ser dito e queria fugir
Finaliza o verso
A grande certeza: a poesia pulsa!

Diante de tanta loucura teórica, a incerteza é a única certeza

Teorias, teoremas
Teses, tratados
Soluções, problemas
Pacíficos, armados

Princípios, fundamentos
Mediato, imediato
Opiniões, argumentos
Doutrina, fato

Objetiva, subjetiva
Direto, indireto
Progressiva, regressiva
Abstrato, concreto

Chaves dialéticas
Concretude, vagueza
Ideias ecléticas.
Certeza: incerteza!

Sub-humanos

Esquecidos, jogados, abandonados
Largados, desamparados, f*didos
Impedidos, proibidos, maltratados
Humilhados, desesperados, vencidos

Condição inferior ao mais inferior
Dos seres humanos em vilania
Expostos ao frio intenso e ao calor
E ao relento da desumana covardia

Um problema, um problema social
Uma mazela, uma questão urbana
Uma poluição, uma chaga, um mal
Uma vida? Se vida, sub-humana!

Dormindo, subsistindo, na torpeza
No ambiente fétido, putrefato e pueril
Das calçadas da dor e da pobreza:
Meindignos, esquecidos, desse Brasil.

Recomeço

Renascer feito fênix, sem mitologia
Recomeçar dos cacos, dos pedaços
Reinventar-se, de novo, a cada dia
Renovar e refazer os velhos laços

Permitir que o novo se empodere
Do passado que já foi, que passou
Ouvir os conselhos que sugere
A nova aurora, que já raiou

Redescobrir o prazer cotidiano
Conhecer os novos prazeres
Viver a essência de ser: humano!
Dizer poesia, não apenas dizeres

Recuperar as forças abaladas
Ressurgir das cinzas do passado,
Renovando as esperanças, aladas,
De um futuro ainda a ser conquistado!

Dormindo eternamente em berço esplêndido até que o barulho nos acorda do sono profundo

O país se veste de verde e amarelo
O hino entoa nas bocas mais variadas:
Do sorriso completo ao banguelo
Todos celebram das arquibancadas

O patriotismo está em alta nesses dias
O orgulho é genuinamente canarinho
É hora de comemorar as alegrias
De um país com esperança no caminho

Tudo é festa: bandeiras, adornos...
Sorrisos multifacetados de um povo campeão
O Cruzeiro do Sul preenche os contornos
De um país que hoje se vê como nação

Viva a Copa do Mundo! Viva a diversidade!
Tem gente do mundo todo na cidade!
- Moço, estou com fome, tem um trocado?
O povo não foi convidado (para a festa aqui ao lado).

Aurora, qualquer aurora, minha aurora

O horizonte se colore de aurora
De aurora, não da aurora, diria.
A aurora, essa que vem agora
Essa que avermelha o meu dia

Meus olhos vêem tudo e nada
Observam, fitam, desorientados
Em busca de uma vista adorada
Ou de sonhos ainda não sonhados

Dali vejo o futuro e o presente
Em comunhão com o pretérito
Formando um sonho ausente
Ou um vasto e detalhado inquérito

As cores da aurora, sem ser a boreal
Acariciam minhas retinas daqui
Num espetáculo humano e astral
Que projetei no horizonte logo ali.