terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Confraria da Poesia Informal na Câmara Municipal de Petrópolis



Como um dos membros fundadores da Confraria da Poesia Informal, fico extremamente orgulhoso e lisonjeado por termos dado este passo tão importante para a nossa jornada poética. Do sonho da poetisa Catarina Maul, do grupo do Facebook, dos saraus mensais, da Antologia Poética lançada na Bienal Internacional do Livro, dos poetas ao redor do mundo, do blog... 


Fomos convidados para inaugurar o I Sarau do Palácio Amarelo na Câmara Municipal de Petrópolis, dentro do projeto Arte na Câmara, que já vem acontecendo desde o ano passado. Levamos poesia, teatro, música, varais poéticos e toda a nossa informalidade.

Os vereadores despiram suas gravatas ao fim de um debate no plenário e inverteram de posição conosco: o plenário era nosso, como deveria ser sempre, e eles nos escutaram.

Sinto muita satisfação por ter podido abrir esse evento e, mais ainda, por ser membro dessa Confraria, desse sonho, dessa realidade. Essa conquista é de todos nós. Registre-se aqui o nosso agradecimento à Câmara Municipal de Petrópolis, na pessoa de seu presidente Paulo Igor e sua organizadora de eventos, Andréa Lopes. A Casa do Povo foi aberta para o povo!

Muito mais que uma moção, demos o passo inicial para uma caminhada frutífera entre a Política e a Cultura, entre os Vereadores e o Povo.

E que possamos, através da arte, cobrar também por melhorias e pelo pleno exercício dos nossos direitos.

É muito melhor quando caminhamos de mãos dadas, com transparência, honestidade e compromisso com a verdade.

Parabéns à Câmara pela iniciativa e pela Confraria, por sempre inovar, buscar o novo e transformar o mundo que nos cerca com o poder da arte.

Abertura do I Sarau do Palácio Amarelo



Poema apresentado na abertura do I Sarau do Palácio Amarelo, no dia 20 de fevereiro de 2014 na Câmara Municipal de Petrópolis. 

Hoje é dia de poesia na Câmara

Vejo um palácio, suntuoso e amarelo 
Que em seu jardim tem uma águia como adorno 
Paredes clássicas como as de um castelo 
Coloridas por poetas em seu entorno

À frente vê-se outro palácio majestoso 
Que reconta a história de um Império 
Ambos cercados de um luxo garboso 
E de uma política coberta de mistério

República e Império, dualismo antitético...
Palco e microfone da política cotidiana 
Servindo a um propósito menos cético: 
Dar voz à cultura e à arte petropolitana!

A águia se faz fênix e renasce a cada dia 
Quando as portas se abrem para o novo.
Hoje é dia de comemorar a cultura e a poesia;
Hoje é dia de abrir a Câmara para o povo!

Os quatro elementos estão incompletos


Os quatro elementos estão incompletos

Água, espelho natural que me reflete
Terra, maciez onde repouso meu fardo
Ar, vento, carinho que à noite me acomete
Fogo, chama que criei e onde ardo

Correnteza que leva as lágrimas e as dores
Solo que sustenta caules, pétalas e raízes
Brisa que acaricia as mais variadas flores
Fagulha que incendeia sonhos (in)felizes

Quatro elementos regem o universo
Como vórtices incompletos que se procuram
Feito a rima torta em busca do verso
Feito amantes que se amam e se juram

E se houvesse ainda mais um elemento
O amor seria a minha maior aposta
Pois de nada adianta o fogo ou o vento
Se não se pode ter aquela de quem se gosta.

Uma noite em Copacabana


Uma noite em Copacabana

Cheiro de mar beijando a areia
Sabor de sal, agridoce e primaveril
Pássaros que encontram sua ceia
Numa água refrescante para um dia febril

Pessoas que passam, só passam
Sentam-se, conversam, se sentem
Saboreiam-se, se beijam, se enlaçam
Olhares que se entendem, se consentem

Noite de verão, brisa de primavera
Refrescante, carregada de sabor
Dois amantes sentados à espera
Do por do sol de um novo amor

Pés que se perdem na areia fria
Descalços, despidos do vão capital
Tateiam e absorvem toda a energia
De uma natureza simples e animal

A brisa traz sabor de maresia
O vento salgado se liquefaz no suor de verão
Uma noite de plena paz e poesia
Numa sinestesia doce ao coração.

Lua branca, lua pura: boa noite!


Lua branca, lua pura: boa noite!

Quando as luzes se apagam na varanda
E os prédios ao longe desaparecem no breu
Escuto o cair da noite em ritmo de ciranda
Enquanto caem estrelas no sonho meu

Vejo a lua no céu: branca, porosa feito queijo
Crateras que escondem na minha imaginação
Um antigo, alegre e muito precioso desejo
De ser livre para voar pelo céu da inspiração

A noite cai, as estrelas caem, o silêncio impera
Os olhares se perdem na vastidão do horizonte
É noite de verão, mas sinto a brisa da primavera
E escuto sons de cachoeira, cristalinos como fonte

Sinto o vento roçar meus cabelos, sem rumo
Sinto o calor se aconchegando, com doçura
Sinto a noite coroar meu dia, sem prumo
É chegada a hora de dormir: Lua branca, lua pura!

Cai a neve no verão tropical

Acordei buscando um verso frio
Que pudesse amenizar o calor
Mas acabei despejando no (R)rio
Rimas suadas, sem nenhum frescor

Olhei para o céu e pedi um temporal
Mas os astros entenderam errado:
Desceu sobre mim um vendaval
Que me tirou do eixo, descompassado...

Perdidos num horizonte montanhoso,
Meus olhos enxergavam neve
Onde se via um verde perigoso.

Naquele momento, me senti mais leve
Imaginando um futuro branco, glorioso...
Mas vida é longa e o sonho é breve (feito a minha neve)...

Atropelíngua

Este poema é o resultado concreto
Do atropelamento de uma língua inquieta
Que teimava em sair varrendo o teto
De dentro da louca boca do poeta

O músculo rubro, já causara acidentes
Das mais variadas formas possíveis
Toda vez que se chocava com dentes
De mulheres, em chamas, e insensíveis

Euforia, histeria, sinestesia, quem diria...
Boca de poeta aberta para novas aventuras
Boca de poeta, local de verbo e gritaria...

E em meio a mais um encontro às escuras
O músculo lúdico, sádico e varredor diria:
Atropelada a pelada boca por dentes de loucuras.