sábado, 18 de agosto de 2012

É preciso ter um milhão


Descendo de cada morro
Com uma metralha na mão
O povo pedindo socorro
Vai rolar uma invasão.
Já cobriram com o gorro
A face da fúria e da repressão.

Em Planaltos tão centrais
Escorrem águas de cachoeiras
O exército vermelho quer mais
Poder em todas as fronteiras.
O dinheiro escorre, tanto faz
Vivam as velhas empreiteiras!

Nos morros, só há revolta
De quem sofre com a desigualdade
É um caminho sem volta:
É morrer ou seguir a marginalidade.
Agora é preciso de escolta
Para ter a pacificação da sociedade.

Em cada tribuna, em cada bancada
Há homens bem vestidos
Na favela tão desesperada
Há pobres e bandidos.
Querem a paz armada
Querem que sejam punidos!

O bandido verdadeiro
Não se sabe qual é
Quem tem dinheiro
Não liga para ralé.
E o velho romeiro
Ainda acredita na fé...

A ganância segrega a virtude
A estupidez cega a multidão
O medo exila a plenitude
O sistema exclui a união.
Não adianta ter boa atitude
Para ter paz é preciso ter um milhão


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