segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Dorme, velho!


Recostado em sua poltrona de conforto
O velho fez das almofadas sua retaguarda
E no cochilo, com o pensamento torto
O ranzinzo acabou abaixando a guarda

Deixou cair seu livro de romance fajuto
Rasgou seu jornal de notícias antigas
Apagou a última centelha do charuto 
Amargou suas lembranças inimigas 

Quicou a cabeça num cochilo suave
Dedilhou seu violão nesses intervalos
Ergueu com sonolência sua clave 
Seus sonhos estavam ainda mais ralos

Beliscou o último salgadinho do pacote
Enrolou seus bigodes, resquício de imponência
Mas tudo acabou num boicote:
Seus olhos sucumbiram à sonolência...

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