segunda-feira, 16 de abril de 2012

O corvo da morte


Dias de trevas, dias de escuridão
O abismo cega e sufoca as virtudes
Não há sol, nem mesmo inspiração
A luz negra esconde as belas atitudes
Nada parece fazer sentido, pura loucura
As estrelas perderam seu brilho habitual
O céu é consumido por uma nuvem escura
Que deixa chover o pranto do ser divinal
O homem destila em si o próprio veneno
Egoísta que só ele, mata sua liberdade
Esmaga, pisa, desfolha a flor, e de tão pequeno
Engole as pétalas de sua maldade
Sopra o vento lá fora, vão-se os dias
Traz as noites e transforma as manhãs
Mas o homem sepulta as suas alegrias
No fruto proibido de suas maçãs
Ah, onde estará a luz nos corações?
Onde estará o amparo derradeiro?
Por que calar e conter as emoções
De um amor tão humilde e verdadeiro?
Eis que surge no céu o corvo da morte
Carregando consigo o mau agouro
Que rouba e fratura toda a sorte
De quem se entregou somente ao ouro
Ao se aproximar do homem, ele se afasta
Cai no chão, torna-se pó, o fogo e a fuligem o consomem
Naquela cena tão triste e nefasta
É descoberto o segredo do homem
Resoluto em si mesmo, o pobre sofredor
Entregue ao ouro, destilou sua maldade
Orgulhoso, egoísta, covarde e pecador
O homem recorreu à santidade
Cerrou as pálpebras e lembrou-se da prece
Que há muito não ousava enunciar:
-Senhor, sou um pobre filho que padece
Dai-me o pão nosso que sabe perdoar.
Eis que o corvo torna-se pó, une-se ao chão
Pois percebe que dentro daquele coração
Apesar de todo vício e amargura
O homem sempre encontraria em Deus a sua cura.

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