A bandeira ainda
balança na varanda... O verde, o azul e o amarelo, que a maior parte das
pessoas acha que simbolizam a mata, a água e as riquezas, mas que na verdade
eram as cores presentes nas dinastias do nosso Império. Lá está ela. Ventando
junto com o vento, brisa que carrega a refrescância e o suor de um Maracanã, a
poucos metros de distância. A lua, de tão redonda, até parece uma bola de
futebol. Nada mais propício para uma final de Copa. E a flâmula continua
bailando com o vento. Em certos momentos ergue-se e fica suspensa no ar, como
se uma nação invisível a sustentasse com a energia de um povo que luta. O
movimento da bandeira no ar lembra os cabelos de uma mulher: soltos e levados
pelo embalo do vento. O silêncio nas ruas é feroz. Só mesmo o barulho dos
carros para romper com a tristeza da ausência de som. Uma chuva fina começa a
cair, como se as lágrimas de um povo escorressem lentamente pelo céu febril de
uma nação assustada. O futebol perdeu. Mas o povo continua. Dentro de poucas
horas as pessoas começarão a retirar seus enfeites das casas, lojas, praças e
avenidas... A seleção perdeu, por que continuar com bandeiras? A resposta é
simples: porque a verdadeira Copa ainda vai começar. Todo ano de Copa é ano de
eleição. Terminado o futebol, é a vez do espetáculo da democracia. Um voto vale
mais do que um gol. O fair play é essencial para evitar faltas e corrupção. Tão
distantes, mas tão próximos, a Copa e as eleições se encontram. A bandeira,
símbolo do nacionalismo e do apreço pela seleção, deveria permanecer ao sabor
do vento, erguida nas janelas de um berço esplêndido, ao som do mar e à luz de
uma nação que brilha. Brilha por seus craques, dentro e fora de campo.
Diferentemente da Copa, somos todos técnicos, com igual poder de escalação.
Escolhemos nosso time, nossos craques, com responsabilidade, consciência e com
a emoção de quem quer ver uma bandeira sendo erguida com orgulho a qualquer
momento do ano. A minha bandeira não vai sair da janela. Essa é minha forma de
protesto e o meu grito para romper com o silêncio do medo. A verdadeira Copa
está começando. Vista o seu uniforme, envolva-se na sua bandeira e vote com
consciência. Apito inicial. Que comece o jogo.
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