Estamos vivendo um período
histórico. Na iminência da escolha do novo Papa, seu Pontificado deverá
enfrentar não apenas a Igreja Católica e suas inúmeras divisões, como a Cúria,
mas também, um mundo a beira do caos.
O novo Papa deverá ter habilidade
suficiente para agir mais como um líder político do que religioso, uma vez que
poderá ter papel decisivo no enfrentamento de mazelas mundiais e internas.
Um bom exemplo seria João Paulo
II. Não é preciso muito conhecimento para chegar à conclusão segura de que seu
Pontificado soube ser muito efetivo politicamente. Chegou a ser decisivo, de
fato. Em tempos de Guerra Fria, a liderança calorosa do polonês foi firme com
doçura e, ao mesmo tempo, humana e segura.
Karol Wojtyla soube reformar a
sua Igreja, trazendo modernidade e ao mesmo tempo resguardando os princípios
apostólicos tradicionais, sabendo se envolver com precisão cirúrgica nas
questões mundiais mais desafiadoras.
A afabilidade de Wojtyla é um
tanto quanto rara e é difícil que haja um papa neste século que a supere, a
exemplo de Bento XVI. Um papa político, mas pouco terno. Talvez seus últimos dias
e momentos em Castel Gandolfo tenham sido seus maiores expoentes de simpatia
plena e doçura. O mundo pode observar o homem Ratzinger, que antes de ser um Papa,
sofria na clausura de seus mais profundos sentimentos de impotência diante das
mazelas que o cercavam.
Substituir um papa tão
carismático como seu antecessor talvez fosse uma das maiores dificuldades que
um homem já enfrentara na sucessão de Pedro, de acordo com a crença Católica. A
figura sisuda e pouco espontânea do endurecido cardeal alemão ressaltava o seu
lado político, sem deixar transmitir o homem que se escondia por trás das
vestes papais. Quando o Joseph homem apareceu, o Bento político já havia se
perdido e nessa missão árdua de liderar a Igreja é mister possuir duas
qualidades: afabilidade e pulso firme.
O novo Papa terá inúmeros
desafios para lidar, tais como a situação mundial dos regimes fundamentalistas
das não-aceitações e as novas, perigosas e incertas ascensões ao poder de
líderes como Kim Jong-un.
Entretanto, talvez o lado interno
seja o mais preocupante. A Igreja Católica não é mais aquela imponente figura
que imperava soberana nos séculos passados. Fieis são perdidos como ovelhas
desgarradas pela falta de humanidade de seus líderes. É preciso que um pastor
sábio saiba conduzir os rumos de seu rebanho, corrigindo internamente os
problemas que o mundo inteiro já conhece, como as questões polêmicas da
pedofilia, abusos sexuais, aborto e o próprio sexo.
A nova figura a ser anunciada no
Vaticano deverá seguir os moldes não só da milenar Bíblia e da moral do Cristo,
mas de um enunciado muito simples de Ernesto Guevara, o Che: “Hay que
endurecerse, pero sin perder la ternunra jamás.” É preciso um líder que resolva
os seus problemas dentro de casa com ordem e sorria com ternura para o rebanho
de fieis desgarrados do lado de fora.