Este é um blog voltado para você que procura uma palavra, um verso, uma ideia, uma inspiração e um descanso em meio a tantas atribulações desta vida cotidiana. Encontrará poemas, crônicas, ensaios, fotos, vídeos, etc de um estudante de Direito da UERJ, de um poeta do mundo! Curta e compartilhe, poetize seus momentos! E-mail de contato: filipemedon@hotmail.com
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
Umas comprinhas
- Um rodízio de alegria, por favor
Pediu o jovem poeta ao garçom
- Uma aspirina para um dia bom
Pediu o jovem poeta ao doutor
- Uma camisa de paixão, por gentileza
Pediu o jovem poeta à atendente
- Um título que me deixe mais inteligente
Pediu o jovem poeta à rainha e à princesa
- Uma cadeira de segurança, simplesmente
Pediu o jovem poeta ao marceneiro
- Uma conta que não guarde dinheiro
Pediu o jovem poeta ao bancário obediente
- Um porta-retratos para belas recordações
Pediu o jovem poeta ao amigo vendedor
- Um teorema para viver apenas de amor
Pediu o jovem poeta ao professor das equações
Terminando suas compras pelo comércio da riqueza
O jovem poeta foi ao lar de um sábio envelhecido
Que num sinal de amor sussurrou em seu ouvido
Que o melhor artigo era a pobreza:
“Um rodízio de alegria
E uma aspirina para um bom dia
Valem mais que uma camisa de paixão
Um título de inteligência, meu irmão
Só te dá uma cadeira de segurança
Para viver às custas do dinheiro, sem esperança
Mas uma moldura de recordações
E um teorema para viver a mais bela das emoções
São o segredo da vida em qualquer idade:
Pois é preciso, acima de tudo, viver com humildade”
Regeneração
Estamos nascendo de novo a cada dia
Como fizemos no princípio Monera
Em cada amanhecer, a esperança tardia
De resplandecer a mais bela era
União das diversas etnias e raças
Perdão acima de toda ofensa
Superando a tristeza das desgraças
A fé é a nossa mais valiosa crença
Atravessamos uma mudança na evolução
Caminhamos para um futuro melhor
No qual a palavra de ordem é regeneração
Através do esforço pessoal, do suor
As lágrimas derramadas nos desafios
Abastecem a correnteza tão comprida
Deságuam em oceanos e rios
Que hoje evaporam o amor pela vida.
Sentimentos no varal
No varal da vida secam sentimentos
Como os prantos amargos de outrora
Felicidades, infortúnios, tormentos
E uma emoção que ressoa no agora
Deixo secando sob a luz do astro rei
As tristezas e as melancolias infelizes
E por cima das dores que passei
Fazem ninho e defecam os perdizes
Deixo o amor muito bem estendido
Para que ele logo se reestabeleça
O ódio deixo encolhido e torcido
Para que ele morra e desapareça
Meus pregadores são resplandecentes
E iluminam o meu varal de emoções
Pois que de tantos versos decentes
Esqueci-me de pendurar as minhas paixões.
sábado, 18 de agosto de 2012
Um ode à amizade
8º Sarau da Confraria da Poesia Informal
Estúdio S de Música - Agosto de 2012
Estúdio S de Música - Agosto de 2012
Petrópolis
Esse poema foi declamado em homenagem aos meus amigos que foram me prestigiar nesse Sarau. Uma singela forma de lembrar pessoas tão importantes.
Um ode à amizade
Um peito vazio, uma noite sem luar
Uma manhã sem sol, um olhar sem brilho
Um vulcão sem fogo, areia sem mar
Uma boca sem palavras, um trem sem trilho
Um buraco negro na órbita do coração
Um universo paralelo em desalinho
Uma estrela sem a cadência da constelação
Um pássaro sem asas e sem ninho
Eis um homem que não teve amigos
Que não soube confortar e ser confortado
Um fugitivo preso e isolado em abrigos
Por ter cedido à mácula e não ter amado
A amizade mais pura e verdadeira
É a arte de encontrar no semelhante
Um poço de felicidade sem fronteira
Um gesto de temperança a cada instante
Um amparo nos momentos de tristeza
Um júbilo nos de gozo e prazer
A mais pura e graciosa certeza
De existir um abraço no amanhecer
Uma acolhida sem preconceitos
Uma diversão feito a de uma criança
Uma mão que não aponta defeitos
Apenas aperta a outra com segurança
Amizade, perfeita tradução da alegria
Sinônima de festa e companheirismo
Luz resplandecente que contagia
Metáfora forçada que dispensa eufemismo
Amigo é para toda a vida e além dela
É o cultivo do jardineiro mais fiel
Que colhe a flor da amizade e pendura na lapela
O símbolo de um amor caído do céu!
É preciso ter um milhão
Descendo de cada morro
Com uma metralha na mão
O povo pedindo socorro
Vai rolar uma invasão.
Já cobriram com o gorro
A face da fúria e da repressão.
Em Planaltos tão centrais
Escorrem águas de cachoeiras
O exército vermelho quer mais
Poder em todas as fronteiras.
O dinheiro escorre, tanto faz
Vivam as velhas empreiteiras!
Nos morros, só há revolta
De quem sofre com a desigualdade
É um caminho sem volta:
É morrer ou seguir a marginalidade.
Agora é preciso de escolta
Para ter a pacificação da sociedade.
Em cada tribuna, em cada bancada
Há homens bem vestidos
Na favela tão desesperada
Há pobres e bandidos.
Querem a paz armada
Querem que sejam punidos!
O bandido verdadeiro
Não se sabe qual é
Quem tem dinheiro
Não liga para ralé.
E o velho romeiro
Ainda acredita na fé...
A ganância segrega a virtude
A estupidez cega a multidão
O medo exila a plenitude
O sistema exclui a união.
Não adianta ter boa atitude
Para ter paz é preciso ter um milhão
domingo, 5 de agosto de 2012
Filipe Medon declama: Nobre arte de amar
7º Sarau da Confraria da Poesia Informal
Estúdio S de Música - Julho de 2012
Petrópolis
Estúdio S de Música - Julho de 2012
Petrópolis
A subnutrida esperança
A subnutrida esperança
Marchando pelo solo arenoso
Em passos de despedida funesta
Sob o sol cruel, vilão e tenebroso
Ia a família com o suor na testa
Mais esquálidos e subnutridos
Que a derradeira esperança
Sangravam os pés doloridos
Da pobre e andrajosa criança
Com veias abertas e expostas
Os miseráveis paupérrimos do sertão
Carregavam o sofrimento nas costas
E a dor da partida no coração
Na frente rumava a cachorra
Que um dia trouxera felicidade
Na xícara quebrada só restava a borra
De um café catado na última cidade
O homem não tinha mais nome
A mulher já era uma Maria qualquer
Os velhos tinham morrido de fome
Da última refeição só restara a colher
Vida cruel, lugar ruim e miserável
Pobreza maldita, sujos e pegajosos
Por culpa de um alguém detestável
Definhavam como cactos espinhosos
Tão secas como aquele nordeste
Eram as bocas dos maltrapilhos
Que pelo barro fétido do agreste
Viam morrer de fome os seus filhos
Feito abutres, comiam os restos
Putrefatos na beira da estrada
Poderiam morrer, mas eram honestos
A lua era a lâmpada mais iluminada
Vida desgraçada dos retirantes
Se é que aquilo pode ser chamado de vida
Valentes, guerreiros e suplicantes
Eram a escória, gente não compreendida
O único direito legal era sofrer
A condição de ser humano não se aplicava
Era fugir da terra ou morrer
A subnutrida esperança era o que restava.
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